

DO ORIENTE PARA O OCIDENTE
Nasci em 1949 quando minha família estava saindo da China, fugindo das constantes guerras e conflitos que assolavam o país.
Sem esperanças de retornar à terra natal, meu pai decidiu por buscar uma nova pátria no outro lado do mundo: o Brasil no Ocidente. Esperançoso ele dizia: “O Brasil fica na extremidade oposta à China, se cavarmos um túnel que atravesse a Terra, sairemos lá no Brasil. O povo é gentil e amoroso, o clima é ameno; nos seus vastos rios os peixes nadam alegremente e os pássaros voam livremente no imenso espaço celeste”.
Assim, no nome Man Han que me deu, ele expressou o desejo de que a jornada que se descortinava naquele momento fosse harmoniosa.
Não cavamos um túnel que atravessasse a Terra para sair no Brasil, e sim tomamos um navio de bandeira holandesa chamada Ruy´s para uma viagem que durou três meses. Completei 3 anos quando dobramos o Cabo da Boa Esperança no sul do continente africano que liga o oceano Indico ao Atlântico. No Brasil estabelecemos residência em São Paulo no sudeste do país onde permanecemos até hoje.
OS DOIS MUNDOS: ORIENTE DENTRO DE CASA E O OCIDENTE FORA DE CASA.
Desde pequena vivenciei dois mundos: dentro de casa o modo de ser chinês, a sua cultura, os seus valores, a sua visão de mundo. Fora de casa em contato com colegas, amigas e amigos pude viver outra cultura: a ocidental, com os seus valores, modo de ser, visão de mundo. Vivenciar e contemplar de como Oriente e Ocidente partem de bases diferentes foi importante para poder integrar estes dois mundos e fazer com que Oriente e Ocidente coexistam de forma harmoniosa em mim.


A TECNOLOGIA
De 1971 a 1980 trabalhei na área de informática e tive oportunidade de participar de projetos e implantação de sistemas de informação de alta tecnologia. Meu contato com modelos de pensamento de vanguarda como a Teoria Geral de Sistemas, Cibernética, Teoria da Informação etc., me abriu novas perspectivas no campo das artes corporais da MTC. Posso afirmar, sob este enfoque, que as artes corporais da MTC podem ser consideradas uma alta tecnologia no sentido de sua eficácia terapêutica.

A FÍSICA
Em 1968 Ingressei no curso superior de Física, no Instituto de Ciências e Letras da USP (Universidade de São Paulo), o qual me formei como bacharel em 1971.
As reflexões e o aprendizado que a Física me trouxe sobre o mundo infinitamente pequeno e invisível do microcosmo até o mundo visível do macrocosmo me deram uma base para entender o mundo invisível sempre presente no pensamento do oriental e o mundo visível na realidade do ocidental.


AS ARTES CORPORAIS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Em 1980 decidi me dedicar às artes corporais da MTC. Estava claro em minha mente que haveria necessidade das artes corporais terapêuticas para lidar com os crescentes desequilíbrios da vida moderna.
Esta decisão foi amadurecendo desde a década de 70 quando paralelo ao meu trabalho com a tecnologia, tomei contato e acompanhei mestres e médicos chineses que chegavam ao Brasil para auxiliá-los, de forma voluntária, na tradução de suas aulas e atendimentos. Acompanha-los em suas atividades foi a escola que formou a base do meu conhecimento sobre as artes corporais da MTC.
No ano de 1987 fui convidada para lecionar no Departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes Da UNICAMP pela sua fundadora Dra. Antonieta Marília de Oswald de Andrade. No Departamento de Artes Corporais ministrei as disciplinas de Artes Corporais do Oriente e Consciência Corporal e me aposentei no ano de 2009. Lá desenvolvi uma pedagogia para transmitir as artes corporais holísticas e seus aspectos terapêuticos baseados na medicina tradicional chinesa.
A INTEGRAÇÃO ORIENTE/OCIDENTE
Assim, a partir de minhas vivências ecléticas realizo o meu propósito de construir uma ponte entre Oriente e o Ocidente através das artes corporais holísticas da MTC. É também sobre este viés que adapto as artes corporais tradicionais chineses para introduzi-lo no Brasil, divulgando-os através de publicações, DVD´s, seminários e cursos.
Também é sobre o viés de integrar Oriente e Ocidente que elaboro e organizo os métodos de minha autoria. Desta forma, formei um repertório de práticas os quais utilizo com frequência e os quais vejo com alegria de serem disseminados com qualidade pelos que passaram pelo aprendizado comigo trazendo bem-estar às pessoas.